Espetáculos teatrais movimentam escola de Aparecida em celebração aos 30 anos da Associação Vila Alzira

Apresentações incentivaram o pensamento crítico e o sentimento de pertencimento na comunidade
A Escola Municipal João Cândido da Silva, em Aparecida de Goiânia, foi palco de diversos espetáculos teatrais que marcaram profundamente a comunidade escolar. Em celebração aos 30 anos da Associação Comunitária e Ponto de Cultura Vila Alzira, estudantes, professores e moradores da região puderam vivenciar experiências artísticas que reforçaram a importância do teatro como ferramenta de educação, cidadania e transformação social nas periferias.
O público acompanhou o espetáculo "Corinha no Cerrado das Maravilhas", da Cia Flor do Cerrado, adaptação de um texto do dramaturgo Ribamar Ribeiro, que foi construído exclusivamente para o grupo com o intuito de trazer o olhar para a infância possível de Cora Coralina, a sua meninice, resgatando o colorido que existe em sua escrita e nos seus doces e receitas.
Outro espetáculo apresentado na Escola Municipal João Cândido da Silva foi o solo “Bem-Te-Vida Marmotta”, da palhaça Lia Motta. Inspirada na obra "Memórias Inventadas: as infâncias de Manoel de Barros", a peça trouxe uma narrativa cômica e poética sobre lembranças, afetos e a essência da humanidade. Com leveza e sensibilidade, a montagem despertou a imaginação de estudantes e professores, promovendo um momento de conexão com a arte e a literatura.
Destaque também para o espetáculo “Maria Bonita Flor de Mandacaru”, uma encantadora montagem de teatro de bonecos que destacou a força feminina no sertão e revelou um lado pouco conhecido da história de Maria Bonita, companheira de Lampião. A peça emocionou os alunos ao valorizar a identidade brasileira e trazer à cena uma heroína nordestina inspiradora.
Além dessas apresentações, ao longo dos últimos meses, a escola também recebeu o espetáculo da Cia Malabariante, formada pelos artistas Camilo Verano (Colômbia) e Rocío Caeiro (Uruguai). A dupla, que atua sob os nomes cênicos Rocilda e Camilim, encantou o público com uma encenação divertida e afetiva. Utilizando reprises clássicas da comicidade brasileira, os artistas brincaram com o senso de pertencimento dos espectadores. Em uma jornada de erros e acertos para realizar o espetáculo "ali mesmo", diante do público, os artistas reforçaram a ideia de que a arte pode acontecer em qualquer lugar — inclusive no pátio de uma escola pública.
E a programação cultural continua. No próximo dia 18 de junho, a escola receberá o espetáculo “Inventando Moda”, que conduz o público por uma jornada vibrante e emocionante pelas tradições culturais do Brasil. Narrada por três palhaços — Siriema, Mutamba e Marelo — a apresentação é fruto de 17 anos de pesquisa sobre a cultura popular e explora, com leveza e humor, a diversidade das manifestações artísticas e culturais do nosso país. A peça promete encantar estudantes e professores ao celebrar a riqueza do Brasil de forma lúdica e acessível.
Em um contexto marcado por desigualdades sociais e educacionais, a presença constante do teatro na escola tem sido um gesto de resistência e de valorização das infâncias periféricas. Os espetáculos não apenas divertiram e emocionaram, como também ampliaram os horizontes dos alunos, incentivando o pensamento crítico, o autoconhecimento e o sentimento de pertencimento.
Promover cultura dentro das escolas da periferia é reafirmar que todas as crianças e adolescentes têm direito ao encantamento, à reflexão e à construção de novas narrativas sobre si e sobre o mundo.
Essas ações integraram um projeto contemplado com recursos da Política Nacional Aldir Blanc, por meio do Edital Rede Estadual de Pontos de Cultura de Goiás nº 18/2024, operacionalizado pela Secretaria de Estado da Cultura. Mais do que marcar uma data comemorativa, os espetáculos demonstraram a potência da cultura nas escolas públicas das periferias.