Militares criaram empresa de fachada para assassinatos, diz PF

Militares criaram empresa de fachada para assassinatos, diz PF
Foto: Divulgação/ PF

Grupo mantinha tabela com valores para assassinatos e citava ministros do STF e parlamentares

Ao Polícia Federal deflagrou nesta quarta-feira, 28, a sétima fase da Operação Sisamnes e revelou a existência de uma organização criminosa formada por militares da ativa, da reserva e civis, dedicada à prática de espionagem e assassinatos sob encomenda.

Segundo a PF, o grupo atuava por meio de uma empresa registrada como prestadora de segurança privada, mas que, na prática, servia como fachada para atividades criminosas.

A investigação identificou que a organização se autodenominava “Comando C4: Caça Comunistas, Corruptos e Criminosos” e mantinha uma tabela manuscrita com preços para assassinatos, com valores que variavam conforme o cargo da vítima.

Entre os nomes citados nos documentos, segundo a PF, estão autoridades do Congresso Nacional e ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

A operação de hoje foi autorizada pelo ministro Cristiano Zanin, do STF. Ao todo, foram expedidos cinco mandados de prisão, quatro de monitoramento eletrônico e seis de busca e apreensão em Mato Grosso, Goiás e Minas Gerais.

Alvos da operação
Entre os alvos está o coronel da reserva do Exército Etevaldo Caçadini de Vargas, apontado como um dos líderes do grupo e suspeito de envolvimento direto no assassinato do advogado Roberto Zampieri, executado a tiros em dezembro de 2023, em Cuiabá (MT).

Caçadini já havia sido preso em janeiro de 2024 pela Polícia Civil de Mato Grosso pelo mesmo crime e também foi denunciado pelo Ministério Público estadual. Com a nova operação, ele passa a ter uma segunda ordem de prisão, desta vez expedida pelo STF.

Segundo a PF, Zampieri era o pivô de uma investigação sobre a venda de sentenças no Tribunal de Justiça de Mato Grosso. 

Informações extraídas de seu celular levantaram suspeitas sobre a compra de decisões judiciais e deram início ao inquérito que, posteriormente, chegou à atuação da organização criminosa e a possíveis irregularidades também no Superior Tribunal de Justiça (STJ).

A PF afirma que os cinco suspeitos presos nesta quarta atuavam em funções distintas dentro do esquema:

Aníbal Manoel Laurindo – produtor rural, apontado como mandante;
Etevaldo Caçadini de Vargas – coronel da reserva, suspeito de liderar e financiar o grupo;
Antônio Gomes da Silva – executor confesso do assassinato;
Hedilerson Barbosa – intermediador e dono da arma usada no crime;
Gilberto Louzada da Silva – envolvimento ainda não detalhado pela PF.

A disputa judicial por terras avaliadas em mais de R$ 100 milhões teria motivado o assassinato de Zampieri, de acordo com a PF.

Além das prisões, o STF autorizou medidas cautelares contra outros investigados, como recolhimento domiciliar noturno, proibição de contato entre os envolvidos e entrega de passaportes.

(Fonte: O Antagonista)