Período de inverno mobiliza Brasil para doação de sangue e reforça estoques em período crítico

Período de inverno mobiliza Brasil para doação de sangue e reforça estoques em período crítico
Foto: Divulgação

Urgência ganha força diante da escassez de doadores e reforça atenção à saúde pública em meio ao inverno

O período de inverno acende o alerta para a queda nos estoques durante as férias e o aumento das doenças respiratórias. No Brasil, apenas cerca de 1,4% da população doa sangue regularmente — totalizando pouco mais de 3,2 milhões de bolsas em 2024 — o que ainda assim não é suficiente, já que a OMS recomenda que seja no mínimo 3%.

A necessidade por sangue seguro é constante: cada doação pode salvar até quatro vidas, sendo fundamental para cirurgias, tratamentos oncológicos, pacientes que sofreram algum acidente e doenças crônicas. Entretanto, segundo a Fiocruz, hemocentros enfrentam quedas de doação em junho, justamente quando aumenta a incidência de gripes e outras enfermidades. 

Para a mestra em Medicina Tropical e Saúde Pública e professora de Biomedicina da Estácio, Daynara Paiva Vilar, o Junho Vermelho é momento de reforçar o protagonismo social. “Doar sangue não é apenas compartilhar vida — é garantir que o sistema de saúde responda à altura aos imprevistos. A queda nas doações durante o inverno evidencia a urgência de campanhas contínuas, com atenção às populações vulneráveis e conscientização sobre a estabilidade do doador. Doar é um ato de cidadania”, enfatiza.

Além do estímulo à solidariedade, é essencial desmistificar a doação de sangue. Dayanara afirma que: “a doação é segura, rápida e não causa fraqueza para quem está dentro dos parâmetros de saúde”, reforçando a importância do esclarecimento para aumentar a confiança da população no processo.

Como participar de forma consciente
Daynara detalha hábitos simples para realizar doações seguras: “O ideal é estar bem alimentado, com mais de 50 kg, ter dormido ao menos seis horas e evitar gordura nas quatro horas anteriores ao ato de doar. Todo hemocentro faz triagem clínica e exames laboratoriais. A regularidade, com intervalo de 2 meses para homens e 3 para mulheres, fortalece os estoques”, orienta.

A campanha ganhou reforço legal com a “Lei Tatiane” (14.722/2023), que assegura proteção a doadores e impulsiona iniciativas institucionais, como a dispensa no trabalho em dia de doação, e incentivos culturais e sociais.

Doar importa
O período foi escolhido foi escolhido estrategicamente porque precede o período de férias, onde existe uma queda nas doações e, em paralelo, aumento de acidentes devido ao período de viagens. Mas o apelo não se reduz a apenas uma data: é preciso criar cultura persistente. “A doação voluntária deve ser vista como um compromisso de longo prazo. Não é ato pontual nem raro, mas contínuo, para garantir redes de suporte real em diversas situações”, finaliza Daynara.