Conheça as novas diretrizes que definem o diagnóstico e tratamento da hipertensão arterial

Diretrizes da American Heart Association e do American College of Cardiology reforçam a importância de mudanças de estilo de vida, abstinência de álcool e início antecipado de medicamentos
A American Heart Association (AHA) e o American College of Cardiology (ACC) divulgaram, na última semana, um novo conjunto de diretrizes para o diagnóstico e tratamento da hipertensão arterial — a primeira atualização desde 2017. O principal ponto é a defesa de uma intervenção mais precoce, com prescrição de medicamentos já em pacientes com pressão entre 130 e 139 mmHg, caso mudanças no estilo de vida não apresentem resultado após três a seis meses.
A pressão alta é um dos maiores fatores de risco para doenças cardiovasculares, que seguem como a principal causa de morte no mundo. Segundo especialistas, controlar a hipertensão pode reduzir também a chance de desenvolver doenças renais, diabetes tipo 2 e até demência.
Entre as recomendações relacionadas à modificação do estilo de vida, destacam-se: a redução na ingestão de sódio, a prática regular de atividade física, a adesão ao padrão alimentar DASH — caracterizado por elevado consumo de frutas, hortaliças, grãos integrais e baixo teor de gorduras —, além do manejo adequado do estresse. No entanto, uma das atualizações mais relevantes nas diretrizes é a recomendação de abstinência alcoólica completa. Anteriormente, era considerada aceitável a ingestão moderada, limitada a uma dose diária para mulheres e até duas para homens.
Para o nutrólogo e intensivista Dr. José Israel Sanchez Robles, a mudança de postura é fundamental: “O consumo de álcool, mesmo em quantidades reduzidas, está associado à elevação da pressão arterial e pode interferir negativamente na eficácia dos tratamentos anti hipertensivos. As evidências científicas atuais sustentam que a abstenção total do álcool é a conduta mais recomendada.”.
Outro ponto relevante diz respeito à vigilância clínica em gestantes. Estudos recentes indicam que mulheres que desenvolvem hipertensão arterial durante a gestação apresentam risco significativamente aumentado de persistência da elevação pressórica no período pós-parto e ao longo da vida. “É fundamental o seguimento clínico rigoroso destas pacientes, uma vez que os efeitos da hipertensão gestacional podem ter repercussões crônicas”, destaca o Dr. José Israel.
O especialista também reforça que o controle do peso é determinante: “A redução de pelo menos 5% do peso corporal já é capaz de promover impacto clínico positivo nos níveis pressóricos. Em casos mais severos, pode-se considerar o uso de novas classes de fármacos e, quando indicado, intervenções cirúrgicas”, explicou.
As novas diretrizes reforçam que a prevenção permanece como a estratégia mais eficaz no enfrentamento da hipertensão arterial. A adoção de hábitos de vida saudáveis, a abstenção do consumo alcoólico e o monitoramento regular da pressão arterial são condutas que contribuem não apenas para o aumento da longevidade, mas também para a manutenção da qualidade de vida.