Pedestres: Os grandes esquecidos da mobilidade

O Pedestre é, paradoxalmente, o Grande Esquecido da Mobilidade Urbana, apesar de ser o modal universal – todo deslocamento, mesmo de carro ou metrô, começa e termina com uma caminhada. A negligência com a infraestrutura pedonal é um reflexo do planejamento urbano centrado no carro, resultando em insegurança, exclusão e baixa qualidade de vida para a maioria dos cidadãos.
Ameaças Constantes
A vida do pedestre nas grandes cidades é marcada por ameaças constantes:
-
Insegurança Viária: A velocidade excessiva dos veículos nas ruas e a falta de faixas de pedestres bem sinalizadas e respeitadas resultam em um alto índice de acidentes e atropelamentos. A segurança do pedestre é o principal indicador de uma cidade humanizada.
-
Calçadas Hostis: A infraestrutura básica está frequentemente deteriorada – buracos, pisos escorregadios, degraus e a invasão do espaço por veículos estacionados, lixeiras ou postes mal posicionados. Isso transforma a calçada em uma rota de obstáculos, especialmente para idosos, crianças e pessoas com Mobilidade Reduzida (PMR).
-
Ausência de Conforto: A falta de arborização, bancos e iluminação adequada torna a caminhada desconfortável, especialmente em climas quentes ou à noite, forçando a migração para modais motorizados.
O Custo da Negligência
Ignorar o pedestre tem um alto custo social e econômico:
-
Inclusão: A inacessibilidade das calçadas e travessias (falta de rampas, ausência de sinal sonoro nos semáforos) exclui as Pessoas com Deficiência (PcD) e restringe sua autonomia.
-
Saúde: A falta de caminhabilidade nas cidades desincentiva a atividade física, contribuindo para problemas de saúde pública como obesidade e doenças cardiovasculares.
-
Comércio Local: Ruas que priorizam carros de passagem (sem estacionamento ou calçadas ativas) são ruins para o comércio local e para a vitalidade social.
A Reversão da Prioridade
Para reverter essa situação, o planejamento urbano deve aplicar a Pirâmide Invertida da Mobilidade, colocando o pedestre no topo:
-
Investimento na Calçada: O governo municipal deve assumir a responsabilidade pela manutenção das calçadas, garantindo um padrão único de qualidade.
-
Redução de velocidade: Implementar o tráfego calming e zonas de 30 km/h em áreas residenciais para aumentar a segurança. Prospectar obras
-
Desenho Universal: Projetar travessias, praças e ruas com acessibilidade universal desde o início.
Priorizar o pedestre é o ato mais democrático e civilizado de planejamento urbano.
Fonte: Izabelly Mendes.